Ilha Solteira

Sem Bolsonero, governadores vão à COP26 apresentar 'pauta verde'...

Ativistas simulam um incêndio simbólico na George Square com uma instalação artística de chamas falsas e fumaça antes da COP26, que acontece em Glasgow, na Escócia entre 31/10 e 12/11.

ícone relógio01/11/2021 às 12:21:53- atualizado em  
Sem Bolsonero, governadores vão à COP26 apresentar 'pauta verde'...

Já que o presidente Jair Bolsonero (sem partido) não irá à COP26, que começou ontem em Glasgow, e com a imagem do Brasil cada vez mais danificada internacionalmente, dez governadores vão à cúpula apresentar sua própria pauta verde. Um consórcio formado por governadores pretende fazer o contraponto à imagem de negacionista ambiental do governo federal. "Construímos um consórcio que tem o objetivo de ajudar o Brasil a alcançar as suas metas", explicou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que preside o Consórcio Brasil Verde, criado pelo Fórum de Governadores. 

Temos um afastamento do governo federal deste tema. Nesse últimos anos, há uma postura mais negacionista. Então, por isso, pra gente até marcar uma presença em termos de ação, foi importante os estados estarem debatendo o assunto. "Não temos nenhum objetivo de disputar ou concorrer com o governo federal. Ele é o grande negociador do tema climático em qualquer conferência. Mas o consórcio pode ajudar o Brasil a alcançar as suas metas, pode desenvolver políticas e se articular nacional e internacionalmente, representando os estados e mostrando também a fotografia do Brasil nessas conferências." O consórcio já teve a adesão de 22 governadores. Desses, 10 participarão das conversas na conferência em Glasgow;

  • Camilo Santana (CE)
  • Carlos Moisés (SC)
  • Eduardo Leite (RS)
  • Hélder Barbalho (PA)
  • João Doria (SP)
  • Mauro Mendes (MT)
  • Paulo Câmara (PE)
  • Renato Casagrande (ES)
  • Romeu Zema (MG)
  • Wellington Dias (PI).

 Na COP26, o Brasil será oficialmente representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e o embaixador Paulino de Carvalho Neto como chefe da missão. Bolsonaro informou na última semana que não iria, por questão "estratégica".

Em vez disso, ele optou por assistir uma homenagem a militares que lutaram na Segunda Guerra Mundial, na Itália, e fazer uma visita à cidade de seus antepassados, no norte do país europeu. O chanceler brasileiro, Carlos Alberto França, também não irá ao maior evento diplomático dos últimos dois anos.

 

Aumento nas emissões de carbono do Brasil deve gerar cobranças.

 A expectativa para os próximos dias é que o Brasil seja cobrado por ambientalistas e demais líderes pelos dados de desmatamento e emissões de carbono, que só cresceram nos últimos três anos. O relatório mais recente do Observatório do Clima mostrou que o país aumentou em 9,5% a emissão de gases de efeito estufa em 2020, indo na contramão mundial, em que houve uma queda de 7%. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também mostram um aumento de 7,13% nas taxas de desmatamento da Amazônia entre 2019 e 2020. Nas vésperas da conferência, o governo brasileiro apresentou seu Programa Nacional de Crescimento Verde e pretende se vender como um país preocupado com a pauta climática. O programa, porém, foi duramente criticado por especialistas por ser muito vago e apenas "pintar de verde" velhas promessas. Esta é a situação que os governadores brasileiros encontrarão na conferência e terão trabalho em convencer de que haverá mudanças. "Vamos estar em 10 na Escócia e isso mostra uma preocupação que os governadores passam a ter com o tema que até pouco tempo não tinham tanto. Era um assunto que só o governo federal tratava", explica Casagrande. O consórcio terá a obrigação de ajudar os estados a construírem o seu plano estadual de mudanças climáticas, envolvendo o setor produtivo e cada estado , as academias, a sociedade.